LINGUÍSTICA I


Koch considera que a coesão e a coerência são atributos fundamentais do texto, pois desempenham um papel decisivo para a construção de sentidos.

O texto “O padeiro” de Rubem Braga está desordenado. Identifique a ordem em que os trechos devem aparecer, para que constitua um texto coeso e coerente.

IV - Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:

         – Não é ninguém, é o padeiro! (1º)

I - Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. (3º)

III - Assim ficará sabendo que não era ninguém…

Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. (4º)

 II - Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? Então você não é ninguém? (2º)

 Assinale a alternativa que contém a sequência correta.

 


IV, II, I, III


IV, I, III, II


I, III, IV, II


III, IV, II, I


II, I, IV, III

Baseado no que você estudou sobre os conceitos de língua e linguagem destaque a única opção que não confere com o que esse capítulo lhe informou.


Para participarmos da vida social efetivamente, faz-se necessário o domínio da língua oral e escrita.


A linguagem só surgiu entre os seres humanos porque um dia eles sentiram necessidade dela para se comunicarem e já dispunham dessa faculdade mental.


Quando usamos o conceito linguagem estamos nos referindo a um conjunto bastante amplo de ações e interações entre as pessoas que se comunicam.


Para a linguística e para o estudioso da língua, esses dois conceitos se fundem não havendo diferença marcante entre eles.


A linguagem lança mão de símbolos para se efetivar; por isso temos as linguagens sonora, pictórica, verbal, dentre outros.

Quanto às informações que você obteve sobre a linguagem vista como ciência, podemos, seguramente, afirmar que:


o aspecto científico dos estudos dos gregos e romanos era notado pela sua preocupação em não apenas prescrever regras para a maneira correta de se falar/escrever sua língua.


a linguagem já era vista como uma ciência pelos gramáticos gregos e romanos que muito pesquisaram sobre suas línguas.


as gramáticas prescritivas do séc. XVIII foram as primeiras pesquisas a tratarem a linguagem como ciência.


os estudos da linguagem como ciência hoje, não incluem a pesquisa da origem da linguagem e nem o percurso histórico da língua.


a linguagem só começou a ser vista como ciência a partir do século XIX.

A compreensão de um texto não decorre apenas da decodificação pura e simples dos itens linguísticos nele contidos. Na verdade, o leitor, ao ler, deixa aflorar seu conhecimento de mundo, suas crenças, suas vivências, que o levam a construir o sentido do texto que leu.

Leia o trecho da música Toda saudade de Gilberto Gil para responder ao que se pede.

"Toda saudade é a presença da ausência de alguém, de algum lugar, de algo enfim. Súbito o não toma forma de sim como se a escuridão se pusesse a luzir. Da própria ausência de luz o clarão se produz, o sol na solidão. Toda saudade é um capuz transparente que veda e ao mesmo tempo traz a visão do que não se pode ver porque se deixou pra trás mas que se guardou no coração".

Para o autor saudade é algo que


remete à coisas boas.


só suporta quem tem fé.


engana as pessoas. 


ninguém deseja.


provoca desalento.

Questão adaptada do livro Novas palavras: português, volume único. Emília Amaral... [et al.]. 2ª ed. São Paulo. FTD, 2003.

 Quando falamos em leitura e interpretação de textos  é importante lembrar que a produção de sentidos de um texto está ligada ao seu contexto de interação, ou seja, na relação entre autor e leitor.  Esses sentidos atribuídos ao texto resultam de uma retomada de conhecimentos prévios e de valores que são ativados no momento da leitura. A inferência possui um papel essencial na compreensão dos textos, pois consistem em “[...] processos cognitivos nos quais os falantes ou ouvintes, partindo da informação textual e considerando o respectivo contexto, constroem uma nova representação semântica” (MARCUSCHI, 2008, p. 249)

 Leia os textos a seguir para responder à questão.

Texto 1

Isto

Dizem que finjo ou minto

Tudo que escrevo. Não.

Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração.

Fernando Pessoa

 

Texto 2

         E o trabalho, este nosso trabalho de escrever? Meu Deus, como às vezes chega a ser sórdido! Aquele riscar, aquela grosseria do texto primitivo, aquele tatear atrás da palavra desejada e, ainda pior, da combinação de palavras desejada! A guacherie do que sai escrito – tanta beleza que a gente sonhou, depois de posta no papel como ficou inexpressiva, barata e normal! Já dizia tão bem o velho Bilac: “A palavra pesada abafa a ideia leve! – e não é mesmo?

Rachel de Queiroz

Gaucherie – falta de jeito. Do francês gauche: esquerdo; canhoto.

 A leitura dos dois textos permitem afirmar que:

 


o sentimento de desapontamento é comum, segundo Rachel de Queiroz, pois o texto produzido não corresponde à luta empregada em sua produção.


os autores realçam a importância  de se revelar os sentimentos reais vividos e sentidos pelo escritor em seu coração.


o poeta, segundo Fernando Pessoa, deve demonstrar os sentimentos como hipotéticos, embora sejam reais. 


há diferença visível entre a escrita idealizada e a escrita realizada, na visão de Rachel de Queiroz, pois sempre a idealizada sofre correções para que os sentimentos pareçam reais, o que torna melhor.


o poeta, para Fernando Pessoa, deve buscar o sentimento no coração e reproduzi-lo de forma mais intensa do que ele realmente é. 

Alguns elementos são responsáveis por estabelecer a coesão textual. A seguir, você encontra duas orações separadas por ponto final. Entretanto, se usarmos os elementos de coesão adequados podemos uni-las sem que se altere o seu sentido. Veja a frase a seguir:

 

“Uma seca implacável assolou a região Sudeste este ano. Vai faltar alimento e os preços irão subir.”

 

Em qual das opções abaixo o sentido não foi alterado? 


Uma seca implacável assolou a região Sudeste este ano, logo vai faltar alimento e os preços irão subir.


Uma seca implacável assolou a região Sudeste este ano, visto que  vai faltar alimento e os preços irão subir.


Uma seca implacável assolou a região Sudeste este ano, todavia vai faltar alimento e os preços irão subir.


Uma seca implacável assolou a região Sudeste este ano, contudo vai faltar alimento e os preços irão subir.


Uma seca implacável assolou a região Sudeste este ano, já que vai faltar alimento e os preços irão subir.

Leia o trecho da música abaixo para responder à questão.

Oito Anos

“Por que você é Flamengo
E meu pai Botafogo
O que significa
"Impávido colosso"?
Por que os ossos doem
enquanto a gente dorme
Por que os dentes caem
Por onde os filhos saem
Por que os dedos murcham
quando estou no banho
Por que as ruas enchem
quando está chovendo
Quanto é mil trilhões
vezes infinito
Quem é Jesus Cristo
Onde estão meus primos
Well, well, well
Gabriel (...)”.

(Paula Toller/Dunga. CD Partimpim, de Adriana Calcanhoto, São Paulo, 2004)

 

Analise as afirmativas a seguir.

 

I. Pode-se dizer que o texto representa um conjunto de frases interrogativas sem ligação entre si, configurando-se em um texto desprovido de coerência.

II. Embora o texto apresente uma série de interrogações aparentemente sem ligação entre si, existem nele elementos linguísticos que nos permitem construir a coerência textual.

III. A letra da canção é constituída por uma série das perguntas que um filho faz para a mãe, e a sequenciação de perguntas aparentemente desconexas, na verdade, explicita o grande número de questionamentos que povoam o imaginário infantil.

IV. A ausência de elementos sintáticos, como conectivos, prejudica a construção de sentidos do texto.

Está correto o que se afirma:


Apenas nas alternativas IV e V


Apenas nas alternativas I e IV


Apenas nas alternativas II e III


Em todas as alternativas


Apenas nas alternativas I e III

No capítulo 4 do livro: “ A linguagem verbal e o contexto, vol. 1”,  você estudou a intertextualidade. Observe os dois poemas a seguir e assinale a alternativa que demonstra qual ocorrência de intertextualidade está presente.

Poema de sete faces - Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. [...]

 

Até o fim – Chico Buarque

Quando nasci veio um anjo safado

O chato dum querubim

E decretou que eu tava predestinado

A ser errado assim.

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim [...] 


Apropriação


Citação


Paródia


Alusão


Paráfrase

Leia os dois textos a seguir.

Texto 1 (Canção do Exílio – Gonçalves Dias)

 

“Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.”

 

Texto 2 ( Nova Canção do Exílio – Carlos Drummond de Andrade)

 

"Um sabiá

na palmeira, longe.

Estas aves cantam

um outro canto. (...)

Onde tudo é belo

e fantástico,

só, na noite,

seria feliz.

(Um sabiá,

na palmeira, longe.)"

 

Podemos dizer que no texto 2 encontramos:


uma apropriação


uma alusão


uma paráfrase


uma paródia


uma citação

O texto abaixo é uma crônica escrita por Stanislaw Ponte Preta na década de 60. Leia-o com atenção para responder ao que se pede.

 

A garota-propaganda, coitadinha!

Já passava das oito horas da manhã e a garota-propaganda dormia gostosamente sobre o seu colchão de Vulcaspuma, macio e confortável, que não enruga nem encolhe, facilmente removível e lavável. Foi quando o relógio despertador começou a tilintar irritantemente (Você nunca dará corda num Mido).

A pobrezinha, que tivera de aguentar a cantada de um patrocinador de programa (Agência Galo de Ouro — quem não anuncia se esconde) que prometera um cachê melhor, caso ela ficasse efetiva na programação, levantou-se meio tonta. Fora dormir inda agorinha. Estremunhada, entrou no banheiro, colocou pasta de dentes na escova e pôs-se a escovar com força. Ah... que agradável sensação de bem-estar!

Depois do banho, abriu a cortina do box, que parece linho mas é linholene, e foi até a cozinha tomar um copo de leite. Tinha que estar pronta em seguida para decorar páginas e páginas de texto que apanhara na véspera, no departamento comercial da televisão. Abriu a geladeira de sete pés, toda impermeável, com muito mais espaço interior e que você pode adquirir dando a sua velha de entrada (a sua velha geladeira, naturalmente). Dentro não havia leite: — Não faz mal — pensou (Tudo que se faz com leite, com Pulvolaque se faz).

O diabo é que também não tinha Pulvolaque. Procurou no armário uma lata daquele outro que se dissolve sem bater, mas também não achou. Tomou então um cafezinho mesmo e correu ao quarto para se vestir e arrumar o cômodo o mais depressa possível. Iria à cidade apanhar os textos de uma outra agência que precisavam ser decorados até as três, além disso tinha que almoçar com um diretor de TV, a quem fingia aceitar a corte para poder ser escalada nos programas.

Arrumou as coisas assim na base do mais ou menos. Fechou o sofá-cama, um lindo móvel que ocupa muito menos espaço em sua residência, e procurou o vestido verde que comprara no Credifácil, onde você adquire agora e só começará a pagar muito depois. O vestido não estava no armário. Lembrou-se então que o deixara na véspera dentro da pia, embebido na água com Rinso, e o diabo é que o vestido, como ficou dito, era verde. Se fosse branco, depois ficaria explicado por que a roupa dela é muito mais branca do que a minha.

Eram onze e meia quando chegou à cidade, graças à carona que pegara. Saltou da camioneta com tração dianteira e muito mais resistente, fez todas as coisas que precisava fazer numa velocidade espantosa e entregou-se ao suplício de almoçar com o diretor de TV.

Ali estão os dois, escolhendo o menu. Ele pediu massa e perguntou se ela também queria (Aimoré você conhece — pensou ela), mas preferiu outra coisa. Garota-propaganda não pode engordar. Comeu rapidamente e aceitou o copo de leite que o garçom sugeriu. Afinal, não o tomara pela manhã. Foi botar na boca e ver logo que era leite em pó, em pó, em pó...

Às três horas o programa das donas de casa. Às quatro, o teleteste que distribui brindes para você. De cinco às oito, decorar outros textos, de oito e meia às dez, tome de sorriso na frente da câmera, a jurar que a liquidação anunciada era uma ma-ra-vi-lha. Aceite o meu conselho e vá verificar pessoalmente. Mas note bem. É só até o dia 30.

Quase meia-noite e ela tendo de dançar com “seu” Pereira, do Espetáculo Biscoiteste. Um velho chato, mas muito bonzinho. O diabo era aquele perfume que saía do cangote de seu par. Um perfume inebriante, que deixa saudade.

Já eram quase três da matina quando ela voltou para o seu apartamento com sala, quarto, banheiro, box, copa, quitinete e área interna, tudo conjugado, que comprara dando apenas trinta por cento na entrada e começando a pagar as prestações na entrega das chaves. Finalmente, vai poder dormir um pouquinho.

E, aos pés do sofá-cama, faz a oração da noite: “Padre Nosso, que estais no Céu, muito obrigada pela atenção dispensada e até amanhã, quando voltaremos com novas atrações. Boa noite”.

PONTE PRETA, Stanislay. Dois amigos e um chato. São Paulo: Moderna, 1988

A compreensão do texto fica comprometida por não conhecermos as propagandas e os produtos a que o autor faz referência e que eram bastante conhecidos na década de 60. Sendo assim, temos um problema de coerência relativo 


ao conhecimento linguístico que compõem o texto e ao conhecimento partilhado que não são comuns ao produtor e ao interlocutor


ao conhecimento de mundo e as pistas linguísticas presentes no texto.


ao contexto situacional e aos elementos linguísticos que compõem a superfície do texto.


aos fatores de contextualização e de focalização, pois o texto não possui um direcionamento que leva à interpretação


ao contexto situacional e ao conhecimento comum entre produtor e interlocutor.

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